Estar ao volante tarde da noite, quando as ruas estão
mais calmas e o trânsito flui mais rápido põe o cérebro em piloto
automático para a direção e se distancia ao som do rádio.
Todas
aquelas músicas bonitas e românticas, que um dia me fizeram chorar de
felicidade, hoje me doem. De saudade, ou por perceber que elas já não me
atingem como antes. Que o que ficou, até esse instante, foi o
saudosismo de quando cada verso me arrepiava a nuca, como vinha aquele
nó na garganta de felicidade. De amor. Choro de alegria. De amar e se
sentir amada. Sentir-me cuidada, zelada, assim como os meus sentimentos
de afeição. De acordar e sentir as tais borboletas no estômago ao pegar o
celular e ver que tem uma mensagem carinhosa de bom dia, e responder
cheia de amores.
Hoje o nó que vem é dolorido, é sentido. Por
me saber amada mas não me sentir como tal. Por não sentir mais as
borboletas. Quase um luto pelo que um dia já foi e não mais é.
Chego
em casa sob um céu de eternas trovoadas. Mas, ainda assim, espero a
volta da primavera e, com ela, o retorno das borboletas.
Mayara S.
[Crônica escrita para a disciplina de Português e Comunicação]
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