quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Céu de Março

Estar ao volante tarde da noite, quando as ruas estão mais calmas e o trânsito flui mais rápido põe o cérebro em piloto automático para a direção e se distancia ao som do rádio. 

Todas aquelas músicas bonitas e românticas, que um dia me fizeram chorar de felicidade, hoje me doem. De saudade, ou por perceber que elas já não me atingem como antes. Que o que ficou, até esse instante, foi o saudosismo de quando cada verso me arrepiava a nuca, como vinha aquele nó na garganta de felicidade. De amor. Choro de alegria. De amar e se sentir amada. Sentir-me cuidada, zelada, assim como os meus sentimentos de afeição. De acordar e sentir as tais borboletas no estômago ao pegar o celular e ver que tem uma mensagem carinhosa de bom dia, e responder cheia de amores.

Hoje o nó que vem é dolorido, é sentido. Por me saber amada mas não me sentir como tal. Por não sentir mais as borboletas. Quase um luto pelo que um dia já foi e não mais é.

Chego em casa sob um céu de eternas trovoadas. Mas, ainda assim, espero a volta da primavera e, com ela, o retorno das borboletas.


Mayara S.
 
 
[Crônica escrita para a disciplina de Português e Comunicação]

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Da coerção social



"Seja livre para ser feliz"
Tantos textos bonitos, tantas imagens clichês. A apologia à liberdade de ser como sinônimo de felicidade - ou um caminho para ela - ao mesmo tempo que as cordas da coerção social atam os pensamentos, os desejos, os princípios. Estrangulam até faltar oxigênio no cérebro e você não conseguir mais definir o que é o certo pelos outros e por si mesmo. Já não sabe mais o que é o seu próprio desejo e o que a lavagem cerebral da pressão externa, aos poucos, com seus comentários sérios, sarcásticos, penosos ou em tom de brincadeira te induziram a acreditar que é o que você, no fundo, quer.
Em meio a toda essa bagunça, você se perde de si. E quem bagunçou não ajuda a limpar.


Mayara S.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Duas metades da lasanha.

Apesar da nossa timidez, na hora dos conflitos somos muito diferentes.
Eu brigo, você tenta amenizar.
Eu me altero, e você não acha que seja para tanto.
Eu sempre começo as discussões, e você as evita ao máximo.
Sou a pimenta enquanto você quer paz. 
Sou 8-ou-80, você, ponderado.
Na hora da briga, da cabeça quente, eu pareço exagerada, enquanto você parece passivo.

E talvez por isso a gente brigue tanto. E talvez por aquela razão é que a gente dá tão certo.

Mais do que zangas, eu amo.
Amo tua amizade, a forma como se importa comigo quando eu estou triste, como tenta me consolar com palavras, carinho ou chocolates. E vinho. Lasanha e vinho já são algo nosso. E com as azeitonas numa metade só.

Amo o melhor e mais apertado abraço da cidade, que me faz rir quando me levanta do chão, e faz me sentir abraçada até a alma. E como minhas alegrias te alegram junto.

Amo também como você me deixa envergonhada me fazendo carinho só com o olhar, e me faz baixar a cabeça enquanto imagino quão vermelha eu devo ter ficado. Mesmo depois de quase dois anos.

De como me faz respirar fundo quando saímos juntos, sinto o teu perfume e não quero mais que o cheiro se vá. 

E como amei o presente do último Natal e o que ele significa. Como você fez questão de me lembrar quantos momentos felizes eu tive no último ano, apesar de não ter sido fácil pra mim, e de como eu tenho razões para sorrir. Por me fazer chorar de felicidade.

E de cada vez que eu ouço o Chico me lembrar de ti e meu peito se aquecer. Ou dormir quase sempre em paz olhando pra gente e me lembrando dos planos bonitos que eu tenho pra gente. E os que você tem também.

Amo o amor que sinto por ti, por me fazer querer ser alguém melhor e trabalhar pra ser tão evoluída quanto você é. Pra que dure. Sempre dure.



Mayara S.