Durante o final de semana, como atividade para casa que se completaria hoje em sala, a professora de História da Arte e da Cultura nos deixou a tarefa de assistir ao filme O Grande Ditador, de Charlie Chaplin. Eu, em minha completa falta de foco para assistir a um filme do começo ao fim sem pausas, acabei por não assistir aos 30 minutos finais. E, durante a não muito longa discussão em sala, a professora distribuiu um texto, com linhas gerais sobre o valor crítico desta produção, constando uma citação dos minutos finais - aqueles mesmos que deixei de ver. Ei-la, com alguns cortes:
Também durante a semana passada, para as aulas de Questões Contemporâneas, um amigo e eu ficamos encarregados da discussão sobre um capítulo de um livro de Pierre Lévy, O Manifesto dos Planetários, em que a ideia contemporânea não foge tanto a este discurso de Chaplin.
Mas o que me encheu de curiosidade mesmo foi a produção cinematográfica. Muita gente fala sobre a genialidade do Chaplin, porém somente agora - e por causa da disciplina do curso - parei para assistir a algo dele. E percebo como é mais fácil, mais cômodo, a gente ceder às mágoas, às intrigas, aos rancores. Fazer uma guerra por pouco ou nada. Não exercitar o perdão - e tantas vezes deixamos de perdoar a alguém por não nos perdoarmos primeiro por ter-lhes confiado algo. Não se policiar contra os maus pensamentos. Preferir as fofocas - as "cobrices" - ao invés de exercitar apenas as conversas produtivas, ou felizes, ou mesmo banais, mas que a ninguém prejudiquem. O portão que se abre para os sentimentos ruins muitas vezes é extremamente mais atrativo que a portinhola da Alice para as coisas boas. Mas há dois dias percebi o quanto tenho me deixado envenenar por certas mágoas e rancores, que me fervem o estômago apenas com a lembrança, e que não trarão bem a ninguém, apenas mal para mim mesma. Adoecem-me a alma.
"Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura." Agora tenho alguém ao meu lado que me proporciona cada uma destas três coisas. E concluí que quero continuar a exercitar a inteligência, entretanto, adicionar ainda mais afeição e doçura à minha vida, que tenho deixado amargar pelas demais coisas, tão pequenas coisas. Por uma vida mais chapliniana.
Mayara S.
P.S.: O trecho completo do discurso.